O grupo de estudos “Mudanças Climáticas e Eventos Extremos” propõe uma reflexão urgente sobre os impactos já visíveis da crise climática. Diante de secas, enchentes e perdas econômicas crescentes, busca unir ciência e sociedade na construção de respostas concretas. O maior risco, alertam os pesquisadores, é a inação diante das transformações em curso.
O grupo de estudos “Mudanças climáticas e eventos extremos” nasce de uma constatação inegável e incômoda: o clima já mudou. O que antes era exceção, hoje se consolida como regra. Ondas de calor mais letais, chuvas torrenciais, secas prolongadas e colapsos energéticos já fazem parte do nosso cotidiano. A pergunta que se impõe é: estamos, de fato, preparados para enfrentar esse cenário de transformações aceleradas?
A cada ano que adiamos ações efetivas, acumulamos custos que já ultrapassam cifras bilionárias. Desastres que destroem cidades, perdas agrícolas que ameaçam a segurança alimentar, impactos diretos na saúde pública e sistemas de energia fragilizados compõem um quadro de riscos crescentes e interconectados. E quanto custa, de fato, não agir?
Na economia, a inação significa instabilidade, retração da produtividade, aumento do endividamento público e privado, e desigualdades ampliadas. Na agricultura, considerando uma população crescente e cada vez mais urbana, com aumento do consumo de países em desenvolvimento, as safras agrícolas sofrem o colapso climático e, consequentemente, os alimentos se tornam mais caros e escassos a populações, principalmente as mais vulneráveis. Na saúde, observamos mais doenças respiratórias, mais epidemias transmitidas por vetores e uma maior mortalidade associada ao calor extremo. No setor de energia, a dependência de fontes não renováveis e a vulnerabilidade da infraestrutura atual significam atraso na transição energética necessária e riscos crescentes de desabastecimento.
Este grupo propõe uma reflexão crítica, um debate interdisciplinar e um compromisso coletivo para ir além da constatação dos problemas. Queremos construir pontes entre ciência e sociedade, entre conhecimento técnico e tomada de decisão estratégica.
Se o futuro ainda pode ser escrito, ele depende fundamentalmente da nossa capacidade de compreender a complexidade das mudanças climáticas e de agir com urgência e inteligência. Porque o maior risco não é a mudança do clima em si. É continuarmos parados, sem ação, diante dela.
Coordenação
- Ana Maria Heuminski de Avila | coordenadora <avila@cpa.unicamp.br>
- Pedro Leite da Silva Dias | coordenador-adjunto <pldsdias@gmail.com>
Membros
- Izabella Teixeira
- Gilberto Jannuzzi
- Elizabethe de Campos Ravagnani Beduschi – Pós-Doutorado em Gestão da Pesquisa-PRP/Unicamp
Biografias

Prof. Dra. Ana Maria Heuminski | Possui graduação em Meteorologia pela Universidade Federal de Pelotas (1991), mestrado em Fitotecnia (área de concentração: Agrometeorologia) pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1994) e doutorado em Engenharia Agrícola pela Universidade Estadual de Campinas (2006). Pesquisadora no Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas em Agricultura (CEPAGRI) da Universidade Estadual de Campinas desde julho de 2004. Professora do programa de Doutorado em Ambiente e Sociedade do Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais (NEPAM). Foi Coordenadora do Sistema de Bibliotecas COCEN, entre junho de 2019 e junho de 2023. Foi Diretora do CEPAGRI entre agosto de 2008 e agosto de 2014 e Diretora Associada entre outubro de 2014 e agosto de 2017. Atuou como assessora da Coordenadoria de Centros e Núcleos Interdisciplinares de Pesquisa (COCEN) entre dezembro de 2017 e outubro de 2020. Trabalhou com previsão de tempo e clima no Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC). Tem experiência nas áreas de Meteorologia e Agrometeorologia, atuando principalmente nos seguintes temas: previsão de tempo e clima, sensoriamento remoto da atmosfera, Zoneamento Agrícola de Riscos Climáticos (ZARC) e Mudanças Climáticas. Foi colaboradora do Capítulo III do Grupo de Trabalho 2 do Primeiro Relatório de Avaliação Nacional do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas.

Pedro Leite da Silva Dias | Bacharelado em Matemática Aplicada no Instituto de Matemática e Estatística da USP em 1974, mestrado em Ciências da Atmosfera na Universidade Estadual do Colorado em Fort Collins, Colorado em 1977 e PhD em Ciências Atmosféricas também pela CSU em 1979. Contratado em 1975 pelo Instituto Astronômico e Geofísico da USP, onde hoje ocupa a posição de Professor Titular. Foi Diretor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP entre 2017 e 2021. Foi diretor do Laboratório Nacional de Computação Científica do MCTIC entre 2007 e 2015. É membro titular da Academia Brasileira de Ciências, da Academia de Ciências do Estado de São Paulo. Recebeu a Ordem do Mérito Científico Comendador em 2003. Foi pesquisador visitante no National Center for Atmospheric Research (NCAR), National Meteorological Center (NMC) e National Center for Environmental Prediction (NCEP) em diversas ocasiões. Foi pesquisador Sênior do INPE entre 1988 e 1990 onde foi Chefe do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos na fase de implantação. Foi membro do Comitê Assessor do CNPq na área de Geofísica e Meteorologia em vários períodos (1980-84, 1991-93, 1997-99 e 2009-13) e Coordenador do Comitê de Geociências da FAPESP de 1986 a 1990. Membro do Comitê de Geociências da CAPES entre 1999 e 2005. Foi assessor da FINEP em questões ligadas à Meteorologia e Climatologia, na área operacional e na pesquisa. Foi membro do Joint Scientific Committee ICSU-WMO (1986-1990) e membro do Intergovernamental Pannel for Climate Change – IPCC (1993-1995 e 2004-2007). Foi Membro do Science Steering Commitee do programa CLIVAR/WCRP da Organização Meteorológica Mundial e do WGNE/WMO (2004-2010). Membro do Comitê Científico Internacional do programa LBA de 1998 a 2008 do qual foi presidente em 2002 e foi membro do Comitê Científico do programa VAMOS/CLIVAR-WMO. Foi copresidente do programa PLATIN da GEWEX/CLIVAR. Ocupou a Presidência da Sociedade Brasileira de Meteorologia entre 1992 e 1994 e Diretor Científico entre 2007 e 2008. Foi Coordenador da Área de Ciências Ambientais do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP de 1999 a 2008, foi membro do Conselho Técnico Científico do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC) até 2004, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais do MCT (2002-2006), do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA) entre 2001 e 2007, do CBPF (2007-2012), LNA
(2007-2013) e do ON (2010-2013). É coordenador do Laboratório de Meteorologia Aplicada a Sistemas Regionais de Tempo (MASTER/IAG/USP), atuando na área de prestação de serviços, treinamento de meteorologistas operacionais e previsão numérica de tempo operacional. Publicou cerca de 140 trabalhos científicos em revistas arbitradas, principalmente internacionais e capítulos de livros, cerca de 200 trabalhos completos em Anais de Congressos e eventos afins nacionais e internacionais. Publicou cerca de 20 artigos de divulgação, relatórios técnicos e material didático. Orientou mais de 70 alunos de pós-graduação. As áreas de especialização são: dinâmica da interação trópicos/extratrópicos com ênfase no papel das fontes de calor associadas à precipitação através de estudos observacionais e de modelagem numérica; aplicações numéricas em computação de alto desempenho e práticas em procedimentos operacionais de previsão de tempo; experiência também em questões de variabilidade climática, mudanças climáticas e impacto ambiental.

Dra. Izabella Mônica Vieira Teixeira | Dra. Izabella Mônica Vieira Teixeira | Bióloga e ex-Ministra do Meio Ambiente (2010-2016). Possui bacharelado em Ciências Biológicas pela Universidade de Brasília (1983), graduação em Licenciatura em Ciências Biológicas pela Universidade de Brasília (1988), especialização em Elaboração Análise e Gerenciamento de Projetos de pela Escola Brasileira de Administração Pública do Distrito Federal – FGV/EBAPE (1989), mestrado em Planejamento Energético pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1998) e doutorado em Planejamento Energético pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2008). É Co-Chair do Painel Internacional de Recursos Naturais da ONU Meio Ambiente (IRP/UNEP), membro do Conselho Consultivo de Alto Nível da UN-DESA e membro do Conselho Administrativo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Em 2013, ganhou o Prêmio Global “Campeões da Terra”, da ONU Meio Ambiente, pela sua contribuição para reduzir o desmatamento na Amazônia. Atua em conselhos de instituições nacionais e internacionais, incluindo como Senior Fellow do Instituto Arapyaú, Conselheira da Fundação FHC e Conselheira Consultiva e Internacional do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI).

Prof. Dr. Gilberto de Martino Jannuzzi | Possui graduação em Matemática (BSc) pela Universidade Estadual de Campinas (1978) e doutorado em Energy Studies pela University of Cambridge, Reino Unido (1985). É Professor Titular em Sistemas Energéticos da Faculdade de Engenharia Mecânica, Universidade Estadual de Campinas e Pesquisador Sênior do Núcleo de Planejamento Energético NIPE da UNICAMP. Coordenador do Centro Paulista de Inovação em Iluminação Pública (CePIL). Editor Associado do Annual Review of Environment and Resources. Membro do Scientific Advisory Committee do Inter American Institute for Global Change Research (IAI). Foi Diretor do Programa Brasileiro de Energia do Programa Prosperidade do Reino Unido (2019-2022). Foi Diretor do Escritório de Transferência de Tecnologia da UNICAMP. Foi coordenador do Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético da UNICAMP. Foi Diretor Executivo da International Energy Initiative-IEI, uma pequena organização não-governamental internacional, independente e de utilidade pública que congrega especialistas em energia, reconhecidos internacionalmente e com escritórios regionais e programas na América Latina, África e Ásia. O IEI é responsável pela edição do periódico Energy for Sustainable Development, da editora Elsevier. Realizou estudos de pós-doutorado e estadias de ensino e pesquisa na Universidade da Califórnia-Berkeley, Lawrence Berkeley Laboratory, École de Mines-Nantes, Universidad de Zaragoza, UNEP Ris Centre on Energy, Climate and Sustainable Development (URC), entre outros. Desde o ano 2000 atua junto ao IPCC como Lead Author e Expert Reviewer. Foi secretário do Fundo de PD CTEnerg no Ministério de Ciência e Tecnologia. É membro da Coordenação do Programa de Mudanças Climáticas Globais da FAPESP. Tem experiência na área de Engenharia Mecânica, com ênfase em Planejamento Energético, atuando principalmente nos seguintes temas: eficiência energética, pesquisa e desenvolvimento, políticas para desenvolvimento de CT em energia, planejamento energético, mudanças climáticas e energia renovável.

Elizabethe de Campos Ravagnani Beduschi (Pós-Doutoranda em Gestão da Pesquisa-PRP/Unicamp) | Engenheira Ambiental formada pela Escola de Engenharia de Piracicaba, em 2007. Possui Mestrado (2010) e Doutorado (2015) em Ciências (ambos com Área de Concentração em Química na Agricultura e Ambiente), pelo Centro de Energia Nuclear na Agricultura, da Universidade de São Paulo (CENA/USP). Atualmente atua como Pós Doutoranda em Gestão Executiva de Projetos, com bolsa da Pró Reitoria de Pesquisa da Unicamp (PRP), no Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura – CEPAGRI, atuando na Gestão Executiva do Plano de Trabalho para a instalação do Centro de Meteorologia da Região Metropolitana de Campinas (RMC). Realizou doutorado sanduíche pelo período de 6 meses na Cornell University, EUA, sob orientação do Prof. Robert Warren Howarth. Tem experiência na área ambiental, com ênfase em biogeoquímica de ecossistemas aquáticos e terrestres. Foi bolsista de pesquisa FAPED pela Embrapa Meio Ambiente de Jaguariúna, SP, no período de julho de 2021 a junho de 2022.
