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Violência extrema entre adolescentes: o alerta que não podemos ignorar

A recente tragédia envolvendo um adolescente de 14 anos, que matou os pais e o irmão com a ajuda da namorada, escancarou uma crise silenciosa: a dessensibilização à violência entre jovens. Sem remorso e com aparente indiferença, os dois chocaram o país e reforçaram um padrão preocupante que vem sendo estudado por especialistas.

A professora Telma Vinha, pesquisadora da Unicamp e coordenadora adjunta do Instituto de Estudos Avançados (IdEA), tem se dedicado a compreender esse fenômeno. Em entrevista recente ao jornal O Estado de S. Paulo, ela apontou como ambientes digitais violentos e a cultura da “zoeira cruel” — marcada por discursos de ódio disfarçados de humor — estão normalizando práticas de extrema violência entre adolescentes.

Segundo Vinha, não se trata mais de violência motivada por ideologias ou causas: “É uma violência niilista, em que o fim é a violência em si.” Jovens são cooptados por subcomunidades digitais que os validam, amplificam a frustração e oferecem pertencimento onde antes havia solidão. Nesse processo, vida, dor e limites perdem o sentido.

Para ela, o enfrentamento do problema exige uma resposta ampla e estruturada. Vai além da família. Envolve a regulação das plataformas digitais, responsabilização de modelos de negócio que lucram com o ódio, e sobretudo, ações de acolhimento, escuta e pertencimento nas escolas.

Alternativas no mundo real, como projetos de arte, cultura e esporte, também são parte da resposta. “Não é só uma questão de famílias desestruturadas. São, muitas vezes, pessoas como nós, vivendo sob pressões que se acumulam”, reforça.

Casos extremos, como esse, são apenas a ponta do iceberg. Mas os sinais de alerta estão aí — e não podemos ignorá-los.

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