A professora Telma Vinha, da Faculdade de Educação da Unicamp (FE) e Coordenadora-Adjunta do Instituto de Estudos Avançados da Unicamp (IdEA), concedeu entrevista sobre a escalada da violência em escolas brasileiras ao Direto na Fonte. Vinha é coordenadora associada do GEPEN (Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Moral da Unesp e Unicamp), grupo que monitora há mais de duas décadas a convivência escolar e episódios de violência extrema.
Segundo Telma, o perfil dos autores é majoritariamente formado por adolescentes, homens e brancos, frequentemente motivados por experiências de exclusão, humilhação e bullying. Para a pesquisadora, trata-se de uma “violência pela violência”, sem causas ideológicas, mas potencializada por ambientes digitais que oferecem status social a partir da crueldade. Essa vulnerabilidade juvenil dialoga com estudos sobre terrorismo e mostra como as redes sociais têm desempenhado papel central no aliciamento de adolescentes.
Apesar de uma queda em 2024 no número de ataques consumados, Telma ressalta que isso não reflete maior pertencimento escolar, mas sim avanços em monitoramento e prevenção. A professora enfatiza que é preciso investir em programas de convivência, valorização docente e políticas públicas integradas que fortaleçam a escola como espaço de confiança, cuidado e democracia.
Entre as recomendações, Telma aponta a necessidade de regulação digital, controle de armas, combate ao estigma e fortalecimento de debates sobre gênero e raça. Para a pesquisadora, criar ambientes escolares mais seguros e inclusivos é fundamental para proteger crianças e adolescentes e romper com o ciclo de violência que vem se reproduzindo nos últimos anos.
Confira a entrevista completa a seguir.