A professora do Departamento de Psicologia Educacional e do Programa de Pós-Graduação em Educação da Unicamp, Telma Vinha, pesquisadora vinculada ao Instituto de Estudos Aplicados (IdEA), discute os riscos emergentes do ambiente digital para adolescentes em entrevista à revista Cultura Científica. A pesquisadora aponta o aumento expressivo de casos de ansiedade, depressão e violência nas escolas desde a volta às aulas presenciais. Em São Paulo, as ocorrências quase triplicaram entre 2021 e 2022, passando de 30 mil para mais de 88 mil. Os casos de autolesão também chamam atenção: saltaram de 895 em 2013 para mais de 9 mil em 2023.
Segundo Vinha, subcomunidades digitais em plataformas como o Discord funcionam como “câmaras de eco” que oferecem validação a discursos violentos. Muitos adolescentes encontram ali um senso de pertencimento, sem mediação adulta, o que agrava a exposição a conteúdos extremos. Ela destaca que a distância geracional dificulta que pais e educadores identifiquem esses espaços com clareza.
Como caminhos possíveis, a pesquisadora defende medidas como a regulação de plataformas, educação digital desde os anos iniciais, limites ao uso precoce de redes sociais e presença ativa dos adultos na vida dos jovens. O fortalecimento da escuta, da atenção e de vínculos reais é essencial para conter o avanço dos danos à saúde mental e à convivência nas escolas.
Telma Vinha coordena o Grupo de Estudos Ética, Diversidade e Democracia na Escola Pública, vinculado ao IdEA.
A entrevista completa pode ser acessada neste link.