Autor: Guilherme Gorgulho
O Prêmio Asimov-Brasil, iniciativa do Instituto de Estudos Avançados (IdEA) da Unicamp, prorrogou o prazo para as inscrições de escolas e estudantes secundaristas interessados em participar após as mudanças de calendário decorrentes da pandemia do coronavírus. A partir de agora, os colégios e professores podem se inscrever até 20 de agosto e os alunos, até 1º de setembro.
A premiação vai escolher anualmente escritores com obras de divulgação científica e cultural publicadas no Brasil e alunos de Ensino Médio que votam nos melhores livros e produzem resenhas sobre as obras. Até o momento, a iniciativa conta com dez escolas, entre públicas e particulares. Os estudantes deverão enviar suas resenhas entre os dias 15 e 30 de setembro e a cerimônia de premiação ocorrerá em 16 de dezembro.
Docentes e coordenadores envolvidos com a premiação afirmam que os estudantes estão demonstrando bastante interesse em fazer parte do projeto, apesar de o início da quarentena ter atrapalhado o desenvolvimento das atividades.
Na Escola Estadual José Maria Matosinho, de Campinas, a professora de português e de arte Janaina Sabino montou um cronograma de leitura e de entrega das resenhas críticas e pretende instigar os estudantes com questões norteadoras. “Como estamos num momento de quarentena e o isolamento pode nos afetar sensivelmente, eu disse aos meus alunos que ler bons livros nos ajuda a manter a mente saudável. Logo, essas leituras farão parte das atividades de minha disciplina.”
O Prêmio Asimov-Brasil está possibilitando a convergência de disciplinas no estímulo à leitura crítica das obras de divulgação científica, como no caso da Escola Cristã de Jundiaí. De acordo com o professor de física Fernando Torres, os docentes de ciências têm a expectativa de que a premiação possa despertar o interesse por temas científicos, enquanto os professores de português pretendem aproveitar a oportunidade para trabalhar o exercício da redação e ensinar aos alunos o formato de texto da resenha.
“É uma forma de tentar consolidar a ciência em tempos tão sombrios que estamos vivendo. Logo, posso falar que minha ideia é que os alunos se envolvam o máximo que puderem para poderem construir um lado de pensamento mais científico e crítico em nosso país. Mas também quero que eles se divirtam fazendo isso”, afirma Torres.
Acostumados a participar de olimpíadas acadêmicas e concursos de redação, os alunos do Colégio Objetivo, de Campinas, terão a chance de integrar uma dinâmica diferente de aprendizado proporcionada pelo Prêmio Asimov-Brasil, combinando a leitura e a interpretação de texto. “A princípio os alunos envolvidos estão bem satisfeitos com a participação por si só. Neste primeiro ano, convidei alunos que gostam e estão acostumados com as olimpíadas e concursos. O fato de estar associado à Unicamp acaba sendo um forte atrativo”, explica Juracyr Valente, coordenador pedagógico do Ensino Fundamental 2 e do Ensino Médio do Objetivo de Barão Geraldo.
Inspiração italiana
A proposta de estimular o interesse pela cultura científica em estudantes secundaristas nasceu na Itália, em 2016, pelo físico Francesco Vissani, e contou na sua quinta edição com 4.000 alunos de mais de uma centena de colégios italianos. Vissani foi o primeiro convidado do IdEA no Programa “Cesar Lattes” do Cientista Residente, em setembro de 2019, e ajudou a conceber a versão brasileira, integrando atualmente a Comissão Científica.
A primeira etapa prevê a inscrição das escolas interessadas em participar, sendo que podem se inscrever instituições públicas ou particulares de todo o Estado de São Paulo. Os professores, diretores ou coordenadores das escolas paulistas de ensino médio podem inscrever o colégio pelo site www.asimovbrasil.unicamp.br. Depois de cadastrada a escola, os alunos poderão participar da premiação.
Cinco livros finalistas foram escolhidos pela Comissão Científica para esta primeira edição: “O Andar do Bêbado: Como o acaso determina nossas vidas”, de Leonard Mlodinow (Editora Zahar); “As Cientistas: 50 mulheres que mudaram o mundo”, de Rachel Ignotofsky (Editora Blucher); “A Vantagem Humana: como nosso cérebro se tornou superpoderoso”, de Suzana Herculano-Houzel (Companhia das Letras); “Física em 12 lições fáceis e não tão fáceis”, de Richard P. Feynman (Editora Nova Fronteira); e “1499: o Brasil antes de Cabral”, de Reinaldo José Lopes (Editora HarperCollins).
Essa primeira edição brasileira está sendo organizada em parceria do IdEA com o Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) da Unicamp, o Colégio Técnico de Campinas (Cotuca) e o Colégio Técnico de Limeira (Cotil). O Cotil é a instituição responsável pela área de tecnologia da informação e comunicação do projeto, incluindo suporte e ferramentas de software, criação de website e sistemas de inscrições.
O prêmio homenageia o escritor Isaac Asimov (1920-1992), um dos mais prolíficos autores do século XX, que conquistou reconhecimento e sucesso no mercado editorial nos anos 1950 ao iniciar a publicação da série de ficção científica “Fundação”. Foi autor de cerca de 500 livros e de centenas de contos em gêneros diversos, como romances de ficção científica e de suspense, divulgação científica para jovens e para adultos, crítica literária e ensaios sobre religião e humor.
Mais informações sobre o Prêmio Asimov-Brasil podem ser obtidas no site www.asimovbrasil.unicamp.br.