Debate sobre os problemas na construção da democracia em países recém-saídos de regimes autoritários, com ênfase especial no Brasil, resultando na ideia de que no país a democracia tinha futuro incerto. Enquanto os expositores brasileiros traçaram uma perspectiva um tanto sombria para os rumos da transição democrática, os estrangeiros foram mais otimistas ao analisar as principais questões que envolviam o processo de redemocratização do país. O professor de ciência política da USP Paulo Sérgio Pinheiro questionou o processo de redemocratização a partir da tese de que permaneciam inalterados os hábitos de violência contra o povo, o descontrole dos aparelhos de repressão e a tortura nas delegacias, e que não havia diferença entre o período de ditadura e o de transição. O argentino Guilhermo O’Donnel, professor da Universidade de Notre Dame (EUA) e pesquisador do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento), fez eco às críticas de Pinheiro. Francisco Weffort, cientista político da USP, argumentou que a transição seria apenas consequência de uma democracia conservadora. O sociólogo e senador Fernando Henrique Cardoso e o economista Luiz Carlos Bresser-Pereira também participaram como painelistas. No debate, o professor Adam Przeworski observou que os empecilhos ao processo de redemocratização apontados pelos cientistas políticos brasileiros eram problemas em todo o mundo e não serviriam de argumentação à situação brasileira. Idêntica linha de análise foi adotada pelo sociólogo francês Alain Touraine. Ambos acreditavam que a democracia no Brasil era um processo já em curso, apensar da lentidão. Philippe Schmitter debateu sobre a transição brasileira ser conservadora, controlada pelo regime e caracterizada por um nível elevado de violência. O cientista político italiano Alessandro Pizzorno abordou a presença efetiva de elementos de representação social, fundamentais na reestruturação democrática. O antropólogo Roberto Cardoso de Oliveira presidiu a mesa.